De inaltecer o espírito é, durante o dia, receber um mail do Jardim de infância a informar que há crianças com sintomas de escarlatina e chegar no fim do dia á escola para trazer o rapaz para casa e ler-se em letras bem grandes na entrada:
"Caríssimos pais, há crianças com lendias e piolhos. A prevenção é o melhor remédio, verifique a cabeça do seu filho"
E após chegar a casa o P dizer: Eu não tenho "michão", eu não tenho pim pim pimpolhos!
Sempre achei que o mais importante são as relações que estabelecemos com as pessoas. Que importa pois, e muito aquele telefonema, aquele café rápido, aquele aperto no braço que descreve a preocupação sentida por alguém.
Que há que fazer o momento valer a pena.
Com o passar do tempo esta ideia que eu tinha parece reforçada, mas com um senão: Nem todas as pessoas sabem doar-se e aquelas de quem mais espero, talvez, possam ser aquelas que mais me irão falhar e ainda assim eu vou sentir a falta e preocupar-me com elas se motivo houver.
No entanto, não me sinto vítima destas ausências. Eu é que sempre fui de gostar fácil e de apego rápido, não aquele apego de cola, não. Daquele que me faz falta saber se fulano ou beltrana estão bem.
Eu nunca alimentei ódios. Eu sempre soube separar as águas e só desgostar ou afastar me se para isso houvesse motivo.
Eu nunca fui de emprenhar pelos ouvidos (na verdade das duas vezes que isso aconteceu, foi pelo sítio certo, acreditem !), mas dói me perceber que por vezes as pessoas se alimentam de pequenos ricocós que as fazem afastar se de quem as ama.
E o amor, é o que nos impulsiona a vida, certo? Ninguém é feliz sózinho, pois não? É que de repente, vejo muitos casulos com arame farpado em volta.
E eu não sou de desistir de quem gosto e já me tenho picado muitas vezes. E dói... e faz sangue...
( isto hoje está uma pieguice de merda, não está?)
O P maior teve uma festa de anos no Sábado. Correu,pulou, gritou. A dada altura começei a achar que estava a pular fininho, agarro nele e levo-o á casa de banho, porque a bexiga devia estar a um pedacinho de vazar. Chegámos á casa de banho e estava ocupada. Disse ao P que tinha de aguardar e não fazer nas cuecas.
Nisto, o miúdo grita bem alto: "se faz favor,quero xixi rápido!"
Oiço uma voz lá de dentro."está quase".
Diz o meu P: " Não fiques de bico" ( o mesmo é dizer para não emburricar)
Quando a senhora saiu eu devia estar amarela... Se eu não tivesse visto e ouvido, não tinha acreditado!
Enquanto mãe, tento manter a postura, ralhando e dizendo que não se dizem essas coisas (que suponho que ouve a outros miúdos) e o meu marido pergunta-me se eu tenho alguma coisa a ver com estas coisas com que o miúdo se desboca?!
Machucou? Sim.
Vou pedir o divórcio.
(Não vou nada, seria exagero.)
O meu marido nunca frequentou o infantário e isso está a ser notório...
Lavar o carro e estacioná-lo de seguida debaixo de uma árvore é mesma coisa que pedir a alguém que diga repetidas vezes " esticar cordões e encolher cordões" . Sai sempre asneira, certo?
E se tiver em conta o tamanho dos dejectos, concluo que fossem de dinossauro. Ninguém merece transportar poias no próprio carro, por muito curta que seja a viagem.
Não cabe na cabeça de ninguém....... Só na cabeça do meu marido...
O P maior tem ar tímido, mas a mãe avisou que em casa ele tem tendência a soltar a franga, o perú e o coquito.
O P maior não falava com os amiguinhos, mas a mãe avisou que ele é tagarela desde cedo.
O P maior gostava de brincar sózinho e na escola achavam estranho, mas a mãe avisou que quando ele se abrisse ia ser dose para leão.
O P maior gosta muito do cantinho dele, mas a mãe avisou que estava bem assim, porque quando ele se revelasse teriam que ser mais de duas pessoas na sala para darem conta do recado.
O P maior tem ar de santinho, mas a mãe avisou que não é santinho... está a apalpar terreno.
Sucede que, quando ontem fui buscar o P maior, disseram-me que ele anda muito saído da casca!
Que bom! Assim a mãe até gosta mais e para não perder o embalo a mãe avisou: "Preparem-se que vai piorar"
Á mãe dondoca e peneirenta que estava com o seu filho todo queque e igualmente peneirento, na sala de espera, quero dizer as seguintes palavras:
A sala de espera onde todas as crianças, curiosamente, mais novas que o seu filho queque, estavam a brincar é de todos os que vão á clinica para consultas de pediatria.
A sala de espera da pediatria tem uma televisão, curiosamente, sempre no canal Panda, porque aquilo, não sei se entendeu, é uma sala de espera para crianças. Acredite em mim, é mesmo verdade!!
A mesma sala de espera da pediatria, tem jogos, bolas, puzzles e imagine: folhas brancas para os miúdos pintarem, rabiscarem, rasgarem. Desculpe, não sei se entendeu... que estava numa sala de espera de consultas pediatriacas.
Ninguém estava a gritar, nem a ser desagradável até porque... olhe não quer lá ver que somos todos educados e até mais educados que a senhora que estava a segredar coisas menos bonitas ao seu filho dondoco, porque assim o criou?!
Já pensou porque é que o seu rebento XPTO e superior a tudo e todos era o único que não brincava com ninguém? Eu calculei que fosse para não estragar o sapatinho de marca.
Por último, permita-me que a mande respeitosamente á merda e lhe dê um choque de realidade:
O seu filho não é melhor que os filhos dos outros
O seu filho vai precisar de outros meninos para se desenvolver normalmente
O seu filho também vai limpar o cú, ainda que o papel higiénico possa ser bordado a ouro com pérolas diamantes.
O seu filho poderá ser um frustrado da sociedade por não se dar "com toda a gente"
Viemos todos do mesmo lado e vamos todos para o mesmo lugar: Pode até chorar com o facto de sermos iguais nessas coisas! Mas é a verdade. E quem mais berra menos mija!
O seu menino não vai tirar o curso que você quer nem vai casar com quem você quer.
Por último, agradeça á minha mãe, que tão bem me educou, por eu não me ter passado e ter-lhe dito tudo o que me apetecia dizer-lhe, porque você não é mais que ninguém e um dia arrisca-se a bater com o nariz no chão e que ninguém a levante.
Caia na realidade, ninguém dos presentes gostou do que viu, muito menos de si!