Às vezes acordamos mais melancólicos que o suposto. Lembramos acontecimentos, situações, pessoas.
Hoje um abraço vai saber-me pela vidinha. Lembrei risos, lágrimas, dor e alegria. Deu me para isto. Acordei com esta pancada hoje. Às vezes queria ser fria, e manter distancia de segurança com as pessoas, mas eu sou parva e piegas e não consigo fazê-lo. Já me tenho dado mal à conta desta merda parvoíce.
Tendo em conta que são quase dez da manhã, espero que esta tristeza me deixe depressa, porque o dia ainda se avizinha longo.
Ontem foi dia de ensaio para a festa de Natal do P maior.
Já tinha contado aqui que vou dançar com outras mães. Só não me tinha apercebido que vou beber uns copitos antes da actuação para poder soltar a franga... É que é muito abanar de rabinho, muito sassarico!
Mas toda a mariquice cerimónia em redor da morte de Fidel Castro não me convence. Dizerem que o homem era isto ou aquilo, sendo ele um ditador responsável por muita morte e sofrimento não me faz sentido.
É como ir a um velório na terrinha e dizerem que um defunto foi um santo toda a vida... Tretas, falsidades, teatros.
Já lhe chamaram filho de Angola, pessoalmente eu chamar lhe ia filho de outra coisa.
Aproxima-se o Natal e pensei levar os manos PP´s para tirarem fotos juntos.
Ora bem, sendo o meu P maior um rapaz de três anos e meio, aparentemente quietinho... volto a dizer: aparentemente quietinho, o ideal seria eu avisar as pessoas que com ele vão socializar que o rapaz é uma esponjinha, que capta tudo, quebra protocolos, mexe em tudo e mais alguma coisa e deixa qualquer santo de rastos. O P maior é um sacaninha, amoroso, mas sacaninha.
Isto para vos contar que a fotógrafa, usava umas calças de cintura baixa e que ao agaixar-se para tirar as fotos, mostrava um pouco aquilo que não devia. Agora imaginem que durante toda a sessão o P maior abriu a boca admirado e olhava para mim do tipo: " mãe, o rabinho da senhora"... .
Apercebendo-me do que se estava a passar fiz de tudo para manter o P maior de boca fechada, mas ele ria-se e andava à volta da senhora de dedo esticado.
Segredei então ao ouvido do P maior que se ele se portasse bem lhe dava uma moeda para andar num carrinho à escolha, mas o rapaz vidrou naquela visão pouco animadora e por momentos pensei que ele tinha uma tala no dedo. A dada altura a fotógrafa perguntou-me: " os seus filhos teem pilhas?" e eu tive tanta vontade de dizer: " não, teem olhos na cara e lata suficiente para largar uma qualquer parvoíce que a deixaria sem graça". Mas, sendo eu uma mocita contida de língua e tendo em conta o esforço da senhora, esbocei um sorriso e disse que sim.
Sei que sou de extremos, que ou gosto muito ou não gosto. É uma fragilidade minha. Lembro que, conheci o meu marido e a pouco e pouco, por meias palavras lá lhe fui arrastando a asa. Não é fácil, ser um livro aberto, quando do outro lado de lá, o livro está fechado. Connosco a coisa deu-se .
E hoje pensei escrever sobre isto, porque muitas vezes sinto que as pessoas andam encolhidas, abafam os próprios sentimentos e ficam a sofrer em silêncio. Há algum tempo disse a alguém que eu estaria aqui sempre que precisasse e nunca tive resposta a isso. O que às vezes me deixa confusa. No entanto, eu acredito que quem dá nunca perde e que quem não consegue receber, é quem perde... Não julgo, talvez ser assim deixe os outros desarmados.E ainda que arranje como muleta, o facto de fazer tudo, sem exigir nada em troca, há silêncios que me doem, que me magoam.
Mas ainda assim, quando e sempre que for preciso... eu vou estar aqui.
O P maior tinha uma consulta de otorrinolaringologia para ir mostrar as amigdalas. Por motivos de força maior tive de levar os dois PP´s. Ora bem, não é fácil, partindo do príncipio que o P maior anda naquela fase de "piro-me assim que possa" . Meti os rapazes no carro e lá fomos. Chegámos à clínica e convidei o P maior a segurar no carrinho do mano. Chegados ao balcão de atendimento dei o meu telemovel ao P maior para ele se entreter a ver os desenhos animados favoritos. E assim a coisa até correu bem e teve sossegadito. O P menor é calminho, portou-se bem.
Fomos chamados ao consultório e a consulta até foi serena. Quando íamos embora digo ao P maior: "agora dás o telefone à mãe e vamos guiar o carro do mano?"
O rapaz encheu bem os pulmões e em plena sala de espera gritou:" nããããããão dou o telefone à mãe, não dou! E atirou-se ao chão.
Nisto, peguei nele, meti o rabinho entre as pernas e saí de mansinho...
Considero-me uma pessoa q.b sociável, gosto facilmente e desgosto ainda mais facilmente ( estou a brincar ). Sou amiga sincera, verdadeira e consigo guardar o mais incrivel dos segredos... mas ... tenho um defeito muito grande: não gosto de grandes "ajuntamentos" do foro familiar! Porque um grupo de amigas, é algo escolhido por nós e se a coisa descambar não faz grande mal, porque amiga briga, chora e ri junta. Quando muita gente da família se junta... ou acabo por rir amarelo e abanar que sim com a cabeça ou acabo irritada porque " eu devia ter lhe dado uma resposta"... no entanto, a família é um suporte, um pilar e um porto de abrigo ( nem todos os elementos e é destes que falo) indispensável para o nosso bem estar. Ora bem, quem é que nunca deu o rabinho e oito tostões dois dentes da boca para não ir ao jantar com a cunhadinha, com a tia x ou com a tia y? Bem, não vamos falar de cunhadas tias aqui, parece mal.
Há conversas que me dão gasturas à boca do estomago e tenho que fingir que estou a gostar para bem parecer, porque uma pessoa deve ser educada e seria desagradável se não o fosse. É como diz o outro " Bê lá se não me embergonhas".
Eu sou o tipo de mãe que fica com dó dos filhos, quando em determinadas situações eles têm que beijar o tio, a tia, a prima do tio, a irmã da tia e já agora a vizinha da frente do primo do amigo do tio. Há quem diga que sou um doce de pessoa, mas é só porque não sabem que penso assim. Na verdade, quando falei disto ao meu marido, ele ficou de olhos esbogalhados e deve ter sido por isso que, quando estava grávida e estando grande parte da família à mesa, e eu lhe dizia ao ouvido " estou fartinha da conversa" ele prontamente se levantava e dizia: Está enjoada, vamos lá fora apanhar ar!"
Até hoje não fui motivo de dissabor para ninguém... mas acho que tenho um grande jogo de cintura ()
O P maior abre a porta do móvel da casa de banho fica uns segundos em silêncio e pergunta: " mãeeeee, para que servem os pensos evazzz?" Ó filho são para a mãe, vai brincar. " Não são só para a mãe, são do P." O P não precisa. " Precisa sim. Para o dói dói" E é isto.